terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ARAÇUAÍ

Em língua indígena, Araçuaí significa “rio das araras grandes”. O rio, que corta todo o município, é um dos principais afluentes do Jequitinhonha. No encontro dos dois rios foi fundado o primeiro povoamento do município, hoje o pequeno povoado de Itira. Conta a lenda que ali se estabeleceu a prostituta Luciana Teixeira, com sua casa de moças, muito procurada pelos canoeiros do Jequitinhonha. Mais tarde, o pároco do lugar expulsou dali a pioneira Luciana, que foi se estabelecer 15 Km rio acima, no encontro do córrego Calhauzinho com o rio Araçuaí, onde hoje se encontra a sede oficial do município.
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igreja da antiga "Barra do Pontal", hoje Itira, primeiro núcleo do município
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Aldeia Cinta Vermelha, onde vivem aranãs e krenaks
Com 45 mil habitantes, Araçuaí é considerada o principal pólo econômico, político e cultural do Médio Jequitinhonha. A extração de minerais e pedras preciosas chegou a fazer do município um dos principais pólos mineiros até meados do século XX. Na década de 1920, Araçuaí possuia um cinema, um teatro municipal e dois grandes colégios que atraíam os jovens de posse de toda a região. A ferrovia Bahia-Minas, imortalizada na canção “Ponta de Areia”, de Milton Nascimento, tinha, dentro do município, três estações: Araçuaí (sede), Alfredo Graça e Engenheiro Schnoor, inauguradas na década de 1940. O mercado da cidade atraía a população dos arredores todos os sábados.
Mas, com o esgotamento das jazidas, a região do Jequitinhonha conheceu uma decadência econômica tão profunda que ficou conhecida como Vale da Miséria. A ferrovia foi desativada, deixando os povoados em torno de suas estações em total isolamento. A população do município caiu pela metade. Por falta de trabalho, a população do Jequitinhonha tornou-se uma das principais reservas de mão-de-obra para o corte de cana nos estados do Rio e São Paulo.
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A grande enchente de 1929 arrasou as construções do antigo centro
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Irmãs holandesas, fundadoras do Colégio Nazareth
A força para reagir à miséria veio principalmente das mãos dos artesãos. Acostumados a produzir apenas panelas e vasos utilitários para seu próprio uso, os artesãos começaram a produzir peças artísticas para venda em outras cidades. Araçuaí tem hoje uma das principais associações de artesãos do Vale e ícones como Lira Marques, Dona Zefa e Marcinho.
Na década de 70, a chegada do frei holandês Francisco van der Poel OFM (que logo ficou conhecido como Frei Chico) marcou um ponto de inflexão na história do município. Empenhado em resgatar as tradições populares como forma de lutar contra o êxodo e a miséria, Frei Chico fundou o Coral Trovadores do Vale, fez reacender as festas da irmandade do Rosário e registrou em livros história, causos e canções que são a alma de Araçuaí.
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Lira Marques e Frei Chico, pesqisadores da cultura do Jequitinhonha
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Festa do Rosário Mirim. tradição recuperada e renovada
Hoje, Araçuaí possui nove corais, quatro grupos de cultura popular, dois grupos de teatro, três centros culturais, um ponto de cultura e um cinema. Os movimentos culturais indígena e negro têm grande força no município, assim como a música e a cultura oral. Araçuaí é, sem dúvida, um centro de referência para a cultura do Jequitinhonha.

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Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
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Grupo Vozes apresentando-se em frente ao Mercado Municipal
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Sábado no mercado municipal de Araçuaí
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Travessia de canoa na Itira
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Dona Zefa, artesã da madeira
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Josino Medina, compositor e cavalheiro andante.

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